5.10.11

Alguns anos vivi em Itabira, principalmente cresci em Itabira



Precisei montar uma caixinha surpresa recheada de guloseimas para minha filha receber na escola em comemoração pela semana da criança. Peguei minha caixinha de memórias da adolescência, retirei tudo que havia dentro, deixei os papéis e as cartas espalhados pela cama realizando a divertida tarefa. Já à tarde resolvi dar uma conferida nos "segredos" que eu guardava por tantos anos . Surpresa foi a minha, ao encontrar uma redação que fiz aos quatorze anos quando era aluna do 1º ano do Colégio Pio XII. Na época fazia um ano que eu havia me mudado para Belo Horizonte.

Tema proposto pela professora

Se uma fada me desse sua varinha de condão, no início deste ano, o que eu faria com ela?

                Caso tivesse uma varinha de condão, gostaria de poder voltar para a cidade da qual vim. Seu nome é Itabira. Morei em Itabira durante seis anos, vindo para Belo Horizonte em janeiro de 1986.
                Tenho saudades dos meus ex-professores, do meu ex-colégio, de minhas amigas que não vejo há algum tempo e principalmente de Itabira, tenho saudades. Vir para a capital foi um grande susto. Logo me adaptei, mas nunca aceitarei.
                Quando se vem para a capital é difícil voltar e sei que não serei exceção. Aqui tudo é mais pedra, tudo é mais gelo. Você se fecha e aprende a ser mais pedra.
                Apesar de não ser itabirana, eu me considero uma. Fui para lá com sete anos e seu ferro entrou na minha alma, como diria Carlos Drummond de Andrade, em “Confidência do Itabirano”.
                Os motivos que me trouxeram para Belo Horizonte não me levam de volta a Itabira e acho que somente uma varinha de condão me levaria, mas quem sabe?
12/02/87


Enquanto remexia minha caixinha de sentimentos me dei conta de que a próxima semana é semana de festa em Itabira, nove de outubro é dia da cidade.

Tem belezas minha terra,
Vou cantar a minha lira,
A primeira é mais sublime,
O seu nome é Itabira...

De Itabira trouxe tantos sonhos... Guardei-os na caixinha.
É esse hábito de sofrer... Doce herança itabirana...
Itabira foi arrancada da minha parede... Ainda dói!