8.11.11

Libere o brega que existe dentro de você!



Quem tem, pelo menos, seus trinta e cinco anos (o tempo passa, né gente!) vai se lembrar do sucesso que foi em 1982 o lançamento do disco (sim, disco! LP!) do cantor Dalto com a música "Muito Estranho".
Dalto vendeu, nada menos do que, 1,5 milhão de cópias deste álbum que tocou e retocou em todas as rádios populares do país.

Hoje vejo o cantor "cult" Nando Reis regravando "Muito Estranho" e seus fãs, pertencentes ao club do "sei o que é bacana e de bom gosto em termos musicais", cantando e recantando frases do tipo "Hum, mas se um dia eu chegar muito louco... deixa essa água no corpo lembrar nosso banho..."

Pois bem, Dalto era considerado o brega do brega. Suas músicas, em especial, "Muito Estranho" era a preferida das camadas mais populares deste país, juntamente com Rosana ( Como uma deusa!!!) e Richie (Menina Veneno, o mundo pequeno demais pra nós dois...).

Muitos talvez se lembrem das brincadeiras do "melô" dos jovens da década de 80/90.
Qual era o melô do liquidificador? "Então misture tudo.... Dentro de nós..............."

Sempre que ouço conversas sobre o que é bom ou não, o que chique ou brega, confesso que me baixa uma certa preguiça de opinar sobre o tema.

Sou uma típica representante do interior das Minas Gerais, adoro música sertaneja!!!
Sendo assim, automaticamente estou excluída do CCC (club dos cults e chics).
A gente perde muita coisa legal quando fica preocupado em corresponder as expectativas das pessoas, então eu me abstenho.

Acredito que em todos os gêneros existam tanto músicas boas quanto ruins (ok, alguns mais do que em outros, eu concordo!). Mas música é pra se divertir e tem que combinar com o momento. Não dá para ouvir Caetano, Maria Rita e cia. num churrasco de domingo.

Há pouco tempo fui a uma "Festa Brega" organizada anualmente por um casal de amigos. IMPRESSIONANTE como TODOS sabiam as letras de TODAS as músicas de cor. As pessoas estavam muito alegres! Poucas vezes vi um grupo de pessoas se divertirem tanto, sem precisar, nem mesmo, de ter bebido. Felizes como crianças.

Crianças não se preocupam com o que estão falando delas por que crianças vivem a vida sem preconceitos.

Brasil, que maravilha de diversidade cultural você nos proporciona! Eu curto!

Muito Estranho com Nando Reis

Muito Estranho com Dalto

5.10.11

Alguns anos vivi em Itabira, principalmente cresci em Itabira



Precisei montar uma caixinha surpresa recheada de guloseimas para minha filha receber na escola em comemoração pela semana da criança. Peguei minha caixinha de memórias da adolescência, retirei tudo que havia dentro, deixei os papéis e as cartas espalhados pela cama realizando a divertida tarefa. Já à tarde resolvi dar uma conferida nos "segredos" que eu guardava por tantos anos . Surpresa foi a minha, ao encontrar uma redação que fiz aos quatorze anos quando era aluna do 1º ano do Colégio Pio XII. Na época fazia um ano que eu havia me mudado para Belo Horizonte.

Tema proposto pela professora

Se uma fada me desse sua varinha de condão, no início deste ano, o que eu faria com ela?

                Caso tivesse uma varinha de condão, gostaria de poder voltar para a cidade da qual vim. Seu nome é Itabira. Morei em Itabira durante seis anos, vindo para Belo Horizonte em janeiro de 1986.
                Tenho saudades dos meus ex-professores, do meu ex-colégio, de minhas amigas que não vejo há algum tempo e principalmente de Itabira, tenho saudades. Vir para a capital foi um grande susto. Logo me adaptei, mas nunca aceitarei.
                Quando se vem para a capital é difícil voltar e sei que não serei exceção. Aqui tudo é mais pedra, tudo é mais gelo. Você se fecha e aprende a ser mais pedra.
                Apesar de não ser itabirana, eu me considero uma. Fui para lá com sete anos e seu ferro entrou na minha alma, como diria Carlos Drummond de Andrade, em “Confidência do Itabirano”.
                Os motivos que me trouxeram para Belo Horizonte não me levam de volta a Itabira e acho que somente uma varinha de condão me levaria, mas quem sabe?
12/02/87


Enquanto remexia minha caixinha de sentimentos me dei conta de que a próxima semana é semana de festa em Itabira, nove de outubro é dia da cidade.

Tem belezas minha terra,
Vou cantar a minha lira,
A primeira é mais sublime,
O seu nome é Itabira...

De Itabira trouxe tantos sonhos... Guardei-os na caixinha.
É esse hábito de sofrer... Doce herança itabirana...
Itabira foi arrancada da minha parede... Ainda dói!



8.9.11

Pido Silencio (Pablo Neruda)


Ahora me dejen tranquilo.
Ahora se acostumbren sin mí.


Yo voy a cerrar los ojos


Yo sólo quiero cinco cosas,
cinco raíces preferidas.


Una es el amor sin fin.


Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.


Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.


En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.


La quinta cosa son tus ojos,
Matilde mía, bienamada,
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.
Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo.


Ahora si quieren se vayan.


He vivido tanto que un día
tendrán que olvidarme por fuerza,
borrándome de la pizarra:
mi corazón fue interminable.


Pero porque pido silencio
no crean que voy a morirme:
me pasa todo lo contrario:
sucede que voy a vivirme.


Sucede que soy y que sigo.


No será, pues, sino que adentro
de mí crecerán cereales,
primero los granos que rompen
la tierra para ver la luz,
pero la madre tierra es oscura:
y dentro de mí soy oscuro:
soy como un pozo en cuyas aguas
la noche deja sus estrellas
y sigue sola por el campo.


Se trata de que tanto he vivido
que quiero vivir otro tanto.


Nunca me sentí tan sonoro,
nunca he tenido tantos besos.


Ahora, como siempre, es temprano.
Vuela la luz com sus abejas.


Déjenme solo con el día
Pido permiso para nacer.



4.9.11

O alcoólatra legal


Existem algumas atitudes típicas de muitos dependentes de álcool que se encaixam perfeitamente bem no imaginário popular:
Bebem todos os dias, quase todos os dias ou mal podem esperar o final de semana chegar para poderem beber.
Não sabem a hora de parar de beber.
Cambaleiam e ziguezagueiam pelas ruas.
Arranjam brigas (famosos por dizerem que matam e que esfolam).
Batem o carro.
Batem na esposa e nos filhos.
Dormem na mesa, no primeiro sofá ou cama que encontram.
Ficam emotivos e choram.
Ficam chatos, demoram horas contando o mesmo caso, abraçam o seu interlocutor, cospem enquanto falam.
Ficam vermelhos (não sei o porquê, mas estes me incomodam bastante).
Vivem faltando ao trabalho por não terem condições de se levantar no outro dia.
Mas existe um tipo diferente de alcoólatra que é capaz de passar toda a vida sem ser classificado pela família e pelos amigos como dependente:
Bebem todos os dias ou quase todos os dias. A principal desculpa: “é para relaxar”. Em geral sabem de cor todos os benefícios de se beber diariamente “um copinho de cerveja” , “uma dose de whisky” ou “uma dosezinha de pinga".
São gente boa, divertidos, contadores de piadas e muito bem humorados.
Estão sempre na lista de convidados de todas as festas de amigos e familiares.
Aonde vão todo mundo já os esperam com a sua bebida preferida.
E o que os diferem de todos os demais?
Não cambaleiam e não ziguezagueiam pelas ruas.
Não arranjam brigas.
Não batem o carro e acham um absurdo esta tal de “lei seca”.
Não batem na esposa e nos filhos.
Não dormem na mesa, no primeiro sofá ou cama que encontram.
Não desatam a chorar após beber.
Não ficam chatos, não demoram horas contando o mesmo caso, não abraçam o seu interlocutor, não cospem enquanto falam.
Não ficam vermelhos.
Não faltam ao trabalho.
E, algumas vezes, até sabem a hora de parar (pelo menos naquele dia).
Então, como assim? Alcoólatras? O que os une aos demais alcoólatras?
PRECISAM BEBER TODOS OS DIAS OU QUASE TODOS OS DIAS.
E por serem assim tão carismáticos, todos fingem não ver sua dependência e até colaboram com uma cervejinha a mais. Afinal, ele é tão legal!
Não se iluda, esta pessoa é um alcoólatra. Alcoolismo está relacionado a dependência, a não conseguir viver sem. É uma doença, e se os que estão a sua volta aceitam o fato, já pode ser o início de uma grande mudança.

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Veja também a entrevista que o ex-jogador Sócrates deu para o Fantástico falando sobre sua dependência do álcool:


22.8.11

João e o enterro do pai


Quinta-feira, céu estrelado, já era possível sentir o calorzinho tímido do final de inverno na capital mineira. Noite perfeita para os amigos João, Patrícia e Eliane se encontrarem no quintal de um boteco tradicionalmente conhecido por sua cervejinha gelada e seu tira-gosto picante. Entre um copo e outro, Patrícia resolve tirar a noite para contar as agruras vividas com seus pais prá lá de complicados. Elaine, aproveitando a deixa, comentou inclusive que seu pai era tão chato que não conseguia imaginar quem iria ao velório dele além dos de casa. João, apesar de ser um cara extremamente comunicativo e conhecido de longas datas, nunca foi muito de contar detalhes de vida familiar. Seus assuntos sempre foram o trabalho e os esportes, sua maior paixão. Só que neste dia foi diferente, não se sabe o motivo. Talvez para não deixar as amigas sozinhas desfiando seus causos familiares, mas o fato é que ele começou:
- Papai? Papai foi muito difícil... Mamãe coitada sofreu com ele! Mamãe nunca pode fazer nada a vida inteira. Viveu por conta dele! Ô homem chato ele foi! E ainda por cima ela tinha que cuidar da minha avó, mãe dele, portadora de Alzheimer. Papai morreu às oito da manhã. Eu falei “Mamãe vai ter velório ou vamos enterrar logo o papai?”. Às onze horas enterramos o papai e ao meio-dia já estávamos num restaurante almoçando ela, a vovó e eu. Em dois dias vendemos o apartamento, compramos um novo e ela, enfim, começou a viver a própria vida.
As amigas em quase estado de convulsão de risos ainda quiseram saber o destino da avó.
- Vovó? Vovó eu fiquei passeando com ela pelo cemitério todo gramadinho e ela acreditando piamente que era a fazenda do titio. No começo a gente resolveu contar que o papai havia morrido. Só que ela se esquecia por culpa da doença. No outro dia, perguntava “Cadê seu pai?” e nós respondíamos “Vovó, papai morreu, lembra?”. Então ela chorava tudo de novo. E a cada dia a história se repetia. Por fim desistimos. Quando ela perguntava pelo papai respondíamos: “Estava aqui agora vovó! Acabou de sair. Você não viu não?” Assim poupávamos todo mundo.
Patrícia e Eliane mal podem esperar pelo próximo encontro.

13.8.11

Homem-Aranha decapitado vira chefe motivador na coleta de lixo.


No caminho para o trabalho me deparo com esta cena: um Homem-Aranha, sem cabeça, sentado no alto do caminhão do lixo.

O indesejado => lixo       Os restos => lixo       O estragado => lixo

8 horas do seu dia são destinadas a recolher tudo que é desprezado diariamente nas casas e empresas => O lixeiro.

É neste ambiente que eu encontrei profissionais sorridentes trabalhando acompanhados do seu mais novo super-herói inspirador: O Homem-Aranha decapitado, que desempenhava o papel de um chefe altamente motivador e vigilante, passando as 8 horas de sua jornada fazendo o sinal de "joinha" para sua equipe.

4.8.11

Afonso e o violão


Afonso nasceu em uma modesta rocinha no interior de Minas.  Magrinho, alto e de pés no chão, por volta dos sete anos aprendeu a tocar cavaquinho passando para o violão poucos anos depois. "Tocava de ouvido", nunca conheceu uma nota musical. Como os seus irmãos, ele aprendeu a tirar os sons dos instrumentos tendo a mãe como professora. Ah, sua mãe tampouco havia estudado música, era uma maestrina exclusivamente por instinto. “Punha sentido” nas músicas e com uma audição apurada corrigia cada erro dos filhos. Assim "tiravam de ouvido" as melodias que faziam sucesso nos rodas de viola no cair da tarde nos campos.
E toda a sua juventude foi embalada pelos encontros musicais, hora em família, hora nas serestas e bailes na cidadezinha próxima.
Até que um dia, já por volta dos vinte anos, ele viu e ouviu um certo violeiro tocar. Esse violeiro era especial. Conhecia o mundo das notas musicais! Afonso ficou muito impressionado com aquele homem que dedilhava com tanto talento e naturalidade as cordas da viola. Ele era capaz de tocar qualquer música só acompanhando as tais notas naquele papel com linhas diferentes, chamado pauta musical.
Afonso era um rapaz vaidoso em tudo que fazia. Imaginou que nunca tocaria como aquele músico e foi aos poucos perdendo o encanto pelo seu violão. Deu o querido instrumento para um dos seus irmãos e nunca mais tocou. O único prazer que ainda mantinha era o de afinar as cordas dos violões sempre que tinha um por perto. Dizia que, afinar sim, fazia como ninguém. Fora isso, amanhecia e anoitecia escutando música como numa trilha sonora infinita. A música era inegavelmente sua companheira inseparável.
Quarenta anos depois ele voltou a ganhar um violão da sua mãe. Desta vez, mais emotivo pelo passar do tempo, se rendeu ao velho desejo latente. No seu cantinho voltou a tocar. Ah, e como era bom tocar de novo! Claro, seus dedos estavam meio enferrujados, mas era muito bom reviver os tempos áureos da juventude. Mesmo que sem pretendentes ao cargo de namorada para lhe escutar nas janelas. Desse dia em diante não mais largou o seu companheiro e o tem levado a todas as festas da família. Quem o observa atentamente, percebe em seu rosto a alegria de um menino que acaba de ganhar um brinquedo muito querido. Seu repertório não é lá muito extenso, diga-se de passagem. Contudo ele se diverte e diverte ainda mais suas netas que morrem de rir ao ouvi-lo tocando, aquela que é a sua música preferida: a eterna “Boate Azul”.
Essa história de notas musicais e pauta ele continua sem entender, mas é só alguém começar a cantar, que ele “põe sentido” e num segundinho já acompanha com o som do seu mais novo velho amigo.

Fico aqui pensando... Quantos anos são necessários para que a gente decida por agarrar nosso violão de volta...





27.7.11

Ninguém me cutuca no Facebook!





Sozinho, sem amigos e sem namorada Mark Zuckerberg  cria o Facebook. Vejam que ele não é o único carente neste mundo.

Vídeo Imperdível!






25.7.11

As férias da Creuza


Creuza estava decidida a tirar uma semana de descanso na pequena roça da sua cunhada. Batalhadora como poucas, Creuza dava um duro danado vendendo os produtos de várias revistas que iam de cosméticos a roupas, passando por utilidades domésticas e o que mais aparecesse.  Era ótima nisso, sempre ganhando seu próprio dinheiro e até prêmios. Os filhos Davidson e Gabriel já estavam casados e mesmo que sempre presentes, não dependiam dela no dia-a-dia de suas vidas. Já o marido... Ah, o marido, era outra história. Aquele caso dele com a fulana, que ela nem se atrevia a falar o nome, já estava completamente fora de controle. Usou de todas as ameaças possíveis e nenhuma funcionou. Depois resolveu rodar a baiana, deu um coro nela, ou melhor, deu dois coros nela. Não adiantou.  Já buscou o safado pelo braço no bar namoricando com a dita cuja e o trancou dentro de casa. Resolveu por uns três dias, no máximo.  Para falar a verdade, estava cansada! Por enquanto, não sabia qual a próxima atitude tomar, mas se juntar a mulherada da família e rir um ”muncado” era o seu firme propósito para os próximos dias!
Ah, mas o maridinho dos céus não iria dar refresco não! Afinal era sendo macho demais que ele segurava a mulher em casa. Assim que foi comunicado da semana de folga da esposa foi logo cantando de galo bravo que era:
- E quem vai cuidá da casa? Quem vai fazê a cumida pra mim? E os minino, se precisá docê?  Heim, Creuza? – Esbravejava com um dedinho estraga prazeres bem lá no alto.
Pois, Creuza rebateu enumerando com os dedos firmemente:
- Davidson tem muié! Gabriel tem muié! OCÊ tem muié!!!  - E já virando as costas completou – E nem pensa em sujá  minha cuzinha! Pede marmitex! E oh, nada de deixa roupa suja pra mim lavá, cê tá entendeno?!
Tudo esclarecido, pegou a bolsa e partiu rumo as suas sonhadas férias.

18.7.11

A Música está no ar...

 Esdra Neném Ferreira (na bateria) e banda foram a segunda atração da noite.

Originária da França, em comemoração ao solstício de verão do hemisfério norte, a "Fête de la Musique" ganhou o mundo chegando a mais de 100 países e 250 cidades, incluso Belo Horizonte. Sorte nossa poder participar deste evento tão democrático que leva, gratuitamente, música da melhor qualidade aos principais cartões postais da cidade.
Confesso que não tinha conhecimento de que a Festa da Música já acontecia há cinco anos em BH. Tratei logo de aproveitar o primeiro sábado de apresentações que estão acontecendo todos os dias na Praça do Papa, Praça da Liberdade, Praça da Saúde, Praça Floriano Peixoto, Feira Tom Jobim e no Museu de Artes e Ofícios.
Optei por curtir os shows da Praça do Papa onde assisti a apresentação de Esdra Neném Ferreira e banda. O público aplaudiu de pé um espetáculo com um estilo musical bem a cara do nosso Brasil, altamente miscigenado. O que está presente na bateria do Esdra? Ele mesmo esclarece: "É tudo misturado, o lado africano com a paixão pelo jazz e as coisas brasileiras, pois sou brasileiro, graças a Deus, com baião, xaxado, maracatu, samba e samba de roda."

Aline Calixto encerrou a programação de sábado na Praça do Papa.

Em seguida entrou no palco a sambista revelação "Aline Calixto" que veio ao evento fazer um pré-lançamento de seu CD "Flor Morena".
Não sou crítica musical, apenas dou valor ao que me toca, me encanta. Amei o repertório da Aline!!! Dizem que ela é uma forte promessa de uma nova geração de sambistas. Assim seja!!!
Também fiquei impressionadíssima com a semelhança entre a cantora e a nossa saudosa Clara Nunes. Tanto o estilo musical, quanto o visual e performance no palco, me reforçavam esta ideia. Tinha a sensação de que a qualquer momento ela começaria a cantar "Filhos de Gandi - Ijexá" e imagino que eu não tenha sido a única a  observar tal proximidade.

Nem mesmo as baixas temperaturas diminuiram o entusiasmo do público.

Para sobreviver a noite gelada era necessário estar bem agasalhado, afinal aqui no hemisfério sul é inverno!!! Vários presentes levaram suas taças de vinho e outros se esbaldaram dançando ao lado do palco ao som de sambinhas deliciosos como "Nem ouro, nem prata". E muito lindo era olhar o público e observar que a festa estava repleta de pessoas de várias idades, de crianças a vovós, todos juntos apreciando o show.


Olha eu aí, acompanhada das filhotas e de uma forte gripe! Adorei tudo!
A estrutura do evento está excelente, oferecendo total acessibilidade aos portadores de deficiência e idosos, além de muitos lugares sentados e banheiros públicos.
A 5ª Festa da Música de Belo Horizonte vai até o dia 24 de julho e a programação completa vocês podem encontrar na página do projeto (link abaixo).
Esta semana, mais do que nunca, a música está no ar. Curtam!

Alguns momentos do show de Aline Calixto na Festa da Música Belo Horizonte.


Relembrando Clara Nunes

Marilou cantando "Hino ao Amor" na Fête de la Musique 2005 - França

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Links relacionados:


26.6.11

Sobre construções e desconstruções.


Canapés de "Variações sobre o Prazer [Santo Agostinho, Nietzsche, Marx e Babette]" de Rubem Alves. Durante os próximos dias vocês estão convidados a participarem desta festa que tem sido, para mim, a leitura deste livro.  Se por ventura os canapés forem insuficientes para o apetite despertado, declinem o convite e partam logo para o livro.

E, assim, resolvi: vou publicar um livro sem fim.

Como tenho raiva de Antoine de Saint-Exupéry - "tornamo-nos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos...". Mas isso não é terrível? Ser responsável por tanta gente? Cristo, por amar demais, terminou na cruz. Embora não saibamos, o amor também mata.


A vida é assim: a gente escolhe um caminho na esperança de que ele vá nos conduzir a um lugar de alegria. Tolos, pensamos que a alegria está ao final do caminho. E caminhamos destraídos, sem prestar atenção.


Não sou mais um cidadão do "País dos Saberes". Estou em boa companhia. Barthes é uma delas.


O meu prazer de escrever também se encontra nas miniaturas. Gosto de escrever crônicas. As crônicas são instantâneos fotográficos.


A razão é séria. Exige o sistema. O corpo é brincalhão. Ri da razão.


Quem lê bebe o sangue de quem escreveu. O ritual da leitura é, como a eucaristia, uma refeição antropofágica.


Os conhecimentos nos dão meio para viver.
A sabedoria nos dá razões para viver.
Sábias são as pessoas que sabem viver. Tolo é aquele que, tendo defendido tese sobre barcos e mapas, não sonha com horizontes, não planeja viagens, não imagina portos. Anda sempre em terra firme por medo de naufrágio.


Um texto científico sobre  o prazer seria o mesmo que tocar uma sonata para piano, de Mozart, numa máquina de escrever.


...a verdade do coração, morada da alegria, não se encontra na letra; ela se encontra na música, além das palavras. Ensinar a alegria: é isso que eu desejo.


Os objetos fazem sonhar o poeta. Aos seus olhos, eles são dotados de propriedades alucinógenas e afrodisíacas. São excitantes do amor. A poesia começa no momento preciso em que o objeto se torna vítreo, transparente, deixando ver coisas que nenhuma inspeção óptica objetiva poderia revelar. Poesia é uma qualidade do olhar.


O poeta é um feiticeiro alquimista que cozinha o mundo nos seus versos...


A culinária tem, dentre outros poderes, o de colocar sabor nos olhos e de colocar cores na boca.


A alegria, na ausência, tem o nome de saudade: doce e amargo. A alegria é doce; a ausência é amarga.


Ensinar a pensar é ensinar o pensamento a dançar no espaço em que as coisas que não existem existem.


Como sobremesa seguida de licor nada melhor do que após a leitura deste livro, assistir ao novo filme de Woody Allen "Meia-noite em Paris".
"A Feira de Fruição é o lugar do amor"... (Assim mesmo, com três pontinhos após as aspas).

14.6.11

Recado da Bruxa x Recado da Fada



Sábado à noite, nada de especial para fazer... A Isabela chegou ao meu quarto com a caixa de um antigo jogo meu chamado Boa Noite Cinderela, do Sívio Santos. Siiiim! Eu tenho o jogo quase intacto. Graças, claro, aos cuidados da minha mãe até a minha fase adulta quando adquiri o direito de levá-lo para a minha casa. Os dados estão um pouco ou muito gastos, as imagens quase tendo que ser decifradas, mas dava para jogar! E o copinho onde se agita os dados, descobri na hora, que a própria Isabela o havia quebrado fazia algum tempo. Enfim, o essencial estava perfeito. Tabuleiro, cartas, príncipes e princesas.
E como há muito eu não tirava um tempo para brincar com as meninas, nem este nem nenhum outro jogo, me rendi ao convite.  Ótima escolha!  Diversão pura por boas horas.
O grande divertimento do jogo está nas tarefas ditadas aos jogadores pela bruxa ou pela fada. Depende do caminho exigido pelos dados que você tem que trilhar.
As tarefas nos “Recados da Bruxa” recaíram quase todas sobre mim. Tive que varrer a sala, imitar um cabrito, pular e coaxar como um sapo. E detalhe, tinha que ser um sapo gordo. A gente não sabia se ria ou se jogava. E muitas, muitas rodadas fiquei de castigo sem poder jogar. Bruxa má!!!

A boa Fada ordenava tarefas ingênuas como só um jogo de 30 anos atrás teria: cante uma canção do Roberto. Detalhe, crianças de 8 e 12 anos não sabem nenhuma canção do Roberto.  Na realidade, têm uma vaga idéia de quem ele seja ou mesmo nem sabem quem é o Roberto. Então, a missão acaba ficando para a gente, os mais “velhos” da brincadeira. O jeito era fazer igual ao Padre Marcelo Rossi: eu cantava e elas repetiam. E a missão era dada como cumprida.
Tinha também que recitar poemas. Não era castigo, não. Era recado da fada! Beijar os “amiguinhos”... Fazer uma declaração de amor...  E cantar uma canção de roda.
Fomos todas dormir com as bochechas até doendo de tanto rir. E em um jogo com três participantes todas saíram com medalhas: 1º, 2º e 3º lugar.
Porque tenho a impressão de que os jogos vendidos hoje em dia não são tão divertidos assim? Cadê o Sílvio Santos que não relança o Boa Noite Cinderela? Podem até trocar de nome, já que existe outro fato nada agradável com este nome. Não estamos em uma fase onde é chique ser retrô? Então... Mas nada de tirarem as músicas do Roberto do jogo, ok?
Quantas recordações... Casa da avó, bolo no forno, desenhos do Pica-pau, chup-chup, balão a gás em festa junina, pés descalços, jabuticaba no pé, guaraná Alterosa... Ah, infância... 

27.5.11

Uma noite e um dia no museu!


Vivendo em meio uma a cultura dedicada ao consumo, não é raro darmos pouco valor a programas gratuitos que acontecem em nosso "quintal". Pagamos passaportes caríssimos em parques mundo à fora e viramos a página do jornal que mostra as opções de lazer na nossa cidade. Mesmo quando este lugar recebe inúmeras visitas de pessoas de outras regiões. Um destes lugares é o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas. Em comemoração ao ano Internacional da Astronomia no Brasil, estão acontecendo diversas palestras de interesse geral abertas ao público. Além de noites de observação do céu a olho nú ou com o uso de super telescópios especialmente disponibilizados para o evento.


Nesta quinta-feira, dia 26, levei as crianças para darmos uma espiadinha no céu de Belo Horizonte. A noite estava linda, ideal para a atividade de observação que aconteceu no terraço do museu. E que vista privilegiada se tem da cidade neste lugar! Não precisa nem de equipamento para se deliciar com o momento.
Morei inúmeros anos no Coração Eucarístico, bairro aonde se encontra o museu, e pergunta se eu já havia ido lá? É, realmente, também faço parte da turma que acha que santo de casa não faz milagre. Quanto tempo perdido!


Com os vários telescópios disponíveis, podia se ver o Cruzeiro do Sul, aglomerados de estrelas e o mais comentado de todos: o planeta Saturno e seus anéis. Parece imagem de desenho, não tem quem não se encante.
No sábado, dia 28 de maio acontecerá o evento de encerramento com a presença do Astronauta Marcos Pontes. Haverá um palestra de lançamento do seu livro "Missão Cumprida", com sessão fotos e autógrafos.
Os eventos são promovidos pelo GAIA - Grupo de Astronomia e Astrofísica da PUC. Eles ficam lá completamente disponíveis para dar todo tipo de informação que você quiser.
E independente do Ano da Astronomina no Brasil, eles realizam este mesmo trabalho de observação do céu mensalmente no Parque das Mangabeiras. É só ficar atento a agenda do GAIA através do site ou no perfil do Facebook.


Mesmo não sendo este o objetivo da noite, impossível conter o interesse de todos, adultos e crianças pela parte interna do museu com suas réplicas em tamanho real de várias espécies de dinossauros.


Criado em 1983, o Museu de Ciências Naturais PUC possui uma das principais coleções de mamíferos fósseis da América do Sul. Além de coleções da fauna brasileira atual de mamíferos, aves, réteis, anfíbios e espécies do cerrado. Do terraço observamos os jardins, que além de ser lindo, conta com réplicas ao ar livre. Sem dúvida, nosso próximo programa será fazer uma visita dedicada exclusivamente ao museu em si.
Tirei algumas fotos só para registrar o momento. Impossível não se assustar com o tamanho das ossadas dos bichos. Fiquei imaginando aquilo tudo recheado de carnes e vida. Muito medo!!!


A gente não sabe para qual lado olhar primeiro. Ou se para cima ou para baixo, já que por todo lado há o que se admirar.


Olha a minha Isabela aí se posicionando na escala evolutiva do homem. Que povo feio! E viemos deles!


Então, se você ainda não conhece, mãos a obra e programe já sua visita. Sabe quanto custa? R$ 4,00 (Isto mesmo, quatro reais).
Ah, e o museu oferece ainda, inúmeras atividades nos meses de férias escolares, como oficinas, trilhas e brincadeiras. Sucesso!


Links interessantes:

GAIA - Grupo de Astronomia e Astrofísica.

GAIA no Facebook

Museu de Ciências Naturais PUC Minas

Como chegar ao museu

25.5.11

Você é o coroa caduco ou a velha gagá?


Esta semana fiquei chocada com a reportagem sobre uma senhora idosa de 89 anos que foi agredida dentro da própria casa por duas jovens assaltantes em São Manuel, interior de São Paulo. Por quase três horas ela foi torturada com chutes e socos na cabeça por uma mulher de 22 anos e uma adolescente de 15. Mesmo afirmando não ter nenhum dinheiro em casa, elas continuaram com a barbárie. Ao final, levaram alimentos, refrigerantes e utensílios que encontraram na cozinha.

Há pouco mais de ano a avó das minhas filhas, aos 84 anos foi assaltada na porta de casa. Ela vive em Buenos Aires, cidade até então tranqüila para se colocar as cadeiras na porta de casa, se sentar e bater papo com a família e vizinhos. E era isto que a Nona (uma autêntica matriarca italiana) fazia sentada ao passeio em companhia do genro, numa agradável tarde do mês de janeiro. Pois um jovem, provavelmente menor de idade, arrancou-lhe o cordão de ouro e, não satisfeito, ainda empurrou a indefesa Nona no chão. Friamente deduziu que o genro iria, em primeiro lugar, socorrer a sogra. Desta maneira, sua fuga seria facilitada. A Nona que já possuía uma prótese na bacia, teve um osso desta mesma perna quebrado. Passou meses no hospital, submeteu-se a uma cirurgia, mas devido à avançada idade, não conseguiu mais se recuperar. Hoje está em uma cadeira de rodas.

E por último o caso do Sr. Geraldo, um taxista de 68 anos que vive em Diadema, São Paulo. Profissional, pai e marido de qualidades ímpares. Uma vida louvável! Elegante e de sorrateira inteligência como bom mineiro que nunca deixou de ser. Há algumas semanas envolveu-se numa pequena colisão com um motoqueiro. A princípio, nada demais. E como costuma acontecer em São Paulo, rapidamente chegaram outros motoqueiros com o intuito de serem “solidários” com o rapaz da moto. Logo se escutavam frases do tipo: “Vamos pegar este velho e dar um coro nele!” “O que este cabeça branca está fazendo dirigindo?” E por sorte, o Sr. Geraldo estava perto de casa. Amigos viram a situação e o salvaram do que poderia ter sido mais uma  tragédia.

E agora eu pergunto: Quem leva a responsabilidade por todos estes casos? O governo? Este é sempre culpado de tudo mesmo! Bombril em qualquer situação!

Pois eu digo, estou cansada de ver pais e mães que não se incomodam com a falta de respeito dos filhos para com os idosos. Já se foi a época em que os pais obrigavam os seus filhos a pedirem a “benção" aos avôs. É comum ouvir, “Ele é assim mesmo, não consigo fazê-lo cumprimentar o avô.” “É envergonhado!” “É menina, agora deu para bater na gente. É fase, passa.” E assim a falta de respeito começa com a aprovação dos próprios pais que abrem mão de educar seus rebentos. Arranjam mil desculpas para justificar o mau comportamento dos filhos.

Muitos podem dizer que estes casos aconteceram porque envolviam delinqüentes ou psicopatas. Ótimo, não? Psicopatas, está mais do que comprovado, não têm solução. Ufa, não podemos fazer nada! Mas a conta da psicopatia e do governo está ficando grande demais, vocês não acham?

Só posso falar uma coisa: NÃO abram mão de educar seus filhos! Dá trabalho, eu sei. É falar a mesma coisa todo dia, mesmo cansada! É ter coragem de dizer NÃO! Coragem de repreender! Coragem de ser persistente no castigo proposto! De segurar firme o bracinho de um bebê de 12 meses no primeiro tapa que ele lhe der no rosto e dizer de cara feia “NÃO PODE!” Ele vai chorar, não tenho dúvida. Vai saber que fez algo errado e que a coisa não ficou boa para o lado dele. É de pequeno que se começa! Filho adulto já foi para o mundo!

Quem AMA realmente, EDUCA! E todo dia!

Lembre-se, o coroa caduco de amanhã, é você! Ou a velha gagá!

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Links recomendados:
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Sugestão de leitura:
Quem ama Educa - Içami Tiba



Sugestão de vídeo:

12.5.11

O Luau da Beth

Estava eu em São Paulo num almoço de Páscoa na casa dos meus tios. Chega minha minha prima Beth e nos conta este caso. Exatamente assim:



Sabe quando as pessoas começam com aquela história: “Beth, você tem que arranjar um namorado!”, ”Você está muito nova. É tão bonita!”, ”Precisa sair, dar oportunidade para alguém!”,”Já observou o Anísio, viúvo daquela sua conhecida? Acho que ele está interessado em você. Aliás, todo mundo já percebeu que está!”.
Comentei com minha filha sobre como não achava nada animador o estilo de roupas que ele usava. E ela foi mais uma a me falar. “Mãe, você é exigente demais!”. Aquela ladainha toda que falam com as mulheres separadas. Pensei que talvez eu estivesse mesmo me prendendo a pequenos detalhes e perdendo a oportunidade de começar um novo relacionamento com um cara agradável por trás de uma fachada, muitas vezes, pouco interessante.
Pois bem, fui convidada por uma colega de trabalho para ir a uma festa, estilo Luau Urbano Chic. Resolvi chamar o Anísio para ir comigo. Como não gosto de ficar na mão de ninguém, fui logo dizendo que preferia ir com o meu carro.
Vesti uma bata branca maravilhosa, acessórios, maquiagem, etc. Fiz questão de usar um perfume que só uso em ocasiões muito especiais. Quando o porteiro me avisou que ele havia chegado, desci. Olhei bem para a camisa branca dele e achei um pouco justa demais. Relevei. Lembrei dos conselhos de todos de uma vez só.
Na entrada da festa avistei um local muito lindo, mais ao fundo. Todo decorado com velas, um charme! Ele disse que preferia sentar em uma mesa na entrada. Huum... Não gostei. Mal sentamos e ele já foi pegando a bebida na bandeja do garçom que servia a mesa ao lado. Quando outro garçom foi nos servir de salgados, agarrou logo uns três na palma da mão como quem não comia há vários dias.  Não! Nessa hora me arrependi completamente de ter ido com ele. Deixei claro que não podia ficar muito tempo! Animadíssimo, nem quis saber. Tirou a camisa branca e foi para a pista dançar. Por baixo dela tinha uma regatinha, coladinha no corpo! Juro!!! Cada vez que passava alguém distribuindo aqueles acessórios típicos de festa, como óculos colorido, pulseiras luminosas, tiaras, ele ia pegando tudo, e usando exatamente tudo!
Com muito custo consegui arrancá-lo da festa. Ele saiu sim, mas com uma cerveja na mão, como quem não pode perder nada. Dentro do meu carro fez o tipo folgado completo. Mexeu no som, trocou de música, se esparramou no banco. Sem a mínima cerimônia! Achei até que estava sonhando quando finalmente parei na porta do meu prédio às duas e meia da manhã. Foi neste momento, ao tentar me despedir, que ouvi:
- Você me acompanha numa cervejinha?
- Obrigada Anísio. É que tenho que levantar cedo. Fica para outro dia. – Respondi nem imaginando o que estava por vir.
- É que meu ônibus só passa às cinco horas...
- Ãnh? Pega um táxi! – Falei rapidamente. E ele me olhou meio sem graça. Depois virou o rosto e soltou a melhor da noite:
- É que estou sem grana... Sabe como é...
Que tristeza ver minha nota de cinqüenta reais sumindo daquele jeito... Sim, ainda tive que pagar para o sujeito ir embora! Acredita?!

2.5.11

Na hora de brincar, brincar!


Semana de provas dos filhos é sempre um stress em toda casa. Os níveis de cobrança vão a mil. Mas quando acabam é importante dar uma parada e descontrair com eles. Gosto muito de fazer programas simples, de preferência ao ar livre. Nosso destino preferido aos domingos pela manhã é uma praça que fica a uns dois bairros do nosso.  Ali elas podem andar de patins, patinete, bicicleta ou simplesmente caminhar juntas, jogando conversa fora. Nestes momentos deixo de lado toda a braveza do dia-a-dia e acabo virando criança com elas. Posso escutar os casos sem olhar ao relógio. Enfim, baixar a guarda, recarregar as baterias para a semana seguinte. As horas passam rapidamente e quando se vê já é momento de voltar para casa. Hora de fazer o almoço. E observaram que não custa quase nada? Este nosso passeio, custa no máximo uma água mineral ou um picolé. Adoramos e recomendamos!

27.4.11

Quem morreu enforcado mesmo?


Descobri que as escolas infantis tiveram que fazer um pequeno ajuste no calendário de datas comemorativas nos últimos dias. Algumas decidiram contar às crianças, somente esta semana, a vida e obra do grande líder Tiradentes. Explicações dadas, fui obrigada a concordar. Vamos aos fatos:
Dia 19 de abril, terça-feira – Dia do Índio – A meninada foi para a casa com a cara pintada, cocares coloridos e um monte de informações sobre os costumes dos que já foram os donos desta terra chamada Brasil. Ah, e com direito a dança da chuva, com a mão na boca, cantando Uuu huuu huuu!


Dia 20 de abril, quarta-feira – Último dia de aula antes do início dos feriados.
Dia 21,feriado - Dia de Tiradentes. Mas considerando que o próximo domingo seria o da Páscoa, venceu o coelhinho, para a alegria da meninada. E dá-lhe muito algodão nos trabalhinhos feitos em sala de aula. Neste dia foi a vez das orelhinhas enfeitarem as cabeças dos pequenos. No rosto os bigodinhos fininhos e o nariz bem vermelhinho. E como não poderia faltar, um saboroso ovo de chocolate na cestinha. Será que as professoras se lembram de explicar para as crianças que coelhos não botam ovos?
Vi escolinha rasteada por patinhas de coelhos que passavam bem próximas das trilhas das mini-aldeias indígenas. Ainda faltava ensinar o sentido religioso da Páscoa. Afinal, aonde entra Jesus Cristo no meio desse tanto de chocolate, coelhos, flechas e índios?
Então, não houve alternativa, senão, a licença “poética”, de enforcar Tirantes na segunda-feira, 25 de abril. Na volta do feriadão, pós overdose de chocolate.
Pensam que acabou? Não! Como será que ficou a inauguração da Brasília do nosso eterno Presidente Juscelino? Por aqui, acho que foi banido das comemorações escolares. Motivo: agenda lotada. Mas lá, na própria Brasília, seguro que não deu para escapar.


Fico pensando nas terríveis possibilidades de diálogo nas casas:
- Amor, conta para a Mamãe o que você aprendeu na escola esta semana!
- Ah Mãe, muita coisa! Deixa eu ver... Que Tirantes... Morreu na cruz, mas foi curado por um índio... Poucos dias depois. Jesus foi... Enforcado... Coitado... Acho que lá em Brasília. Que o coelhinho da Páscoa vai trazer o meu ovo! Não vai mãe? Eu quero o meu com brinquedo dentro! Tá?!



18.4.11

O final de semana do pai


Era domingo, final de semana das duas meninas almoçarem com pai. Almoço tranqüilo, voltam passeando de carro , quando passam diante de uma choperia inaugurada há alguns meses na cidade.  O pai se dá conta de que em sua nova vida de solteiro ainda não tinha desfrutado do chopp da recém inaugurada casa e exclama:
- Preciso vir aqui. Ainda não conheço este lugar!
- A mamãe disse que o chopp é horrível! – Avisa logo a filha mais nova, sentada no banco de trás.
- Ué, sua mãe está bebendo agora? – Questiona o pai.
- Sim! – Confirma a pequena e ainda completa, para desespero da irmã mais velha no banco da frente. Não achando nada recomendável o rumo da conversa. – Outro dia ela foi com as amigas lá naquele bar! No final da avenida. Sabe? E tomaram quinze chopps! Quinze chopps! Acredita?! Cinco cada uma!
- Ah, é assim agora?! Lá?! E como assim ela está freqüentando os lugares que ela sabe que eu freqüento?! – Ironiza o pai.
E a caçula explica logo, pondo fim à conversa:
- A mamãe falou que não tinha problema, que você estava viajando.

15.4.11

Fora de mim e sem Martha Medeiros


Quando fiquei sabendo da palestra de lançamento do livro “Fora de Mim” da Martha Medeiros, enlouqueci. Mesmo tendo deixado para o último dia um trabalho da pós-graduação, não pensei duas vezes. Passo a madrugada fazendo, mas vou.
Separei câmera fotográfica, agenda, duas canetas (por precaução) e parti. Já me imaginei anotando as frases inteligentíssimas da Martha Medeiros e divulgando em “primeira mão” no blog e no Facebook. Imaginei o momento do autógrafo, a pose para a foto e viajei... Viajei até chegar ao evento e ver que não tinha saído do lugar.
Para facilitar, o horário. Pegar o trânsito no centro da cidade, estacionar, numa quinta-feira às sete da noite, vamos combinar, já é dose para leão. De enlouquecer mesmo, foi a moça do estacionamento fazendo contas hipotéticas para me ajudar a decidir, se era melhor eu pagar por hora ou pernoite.  Coitada, só queria ser gentil, mas o tempo era curto! Saio em disparada rumo ao museu onde seria o evento. De repente, algo estranho. Que tanto de buracos são estes no passeio? Não! Era o salto do meu sapato que havia acabado de se quebrar. Continuei firme, e agora manca, a minha corrida. De longe vejo uma fila do lado de fora. Umas quarenta pessoas na minha frente. Faltavam dez minutos para o início.  Muito zum, zum, zum e ficamos ao todo umas 150 pessoas sem entrar. Como assim?! Dois motivos.
Primeiro, as famosas “carteiradas”.  Inúmeras foram as pessoas que entraram sem fazer fila. Os porteiros explicavam que tinham convites. Outras vezes diziam pertencer ao “núcleo” (???). Fora as que chegaram quase meia hora depois do horário marcado, foram para o final da fila e quando olhamos, já estavam lá dentro. É o famoso jeitinho brasileiro que dá vergonha!
Segundo, o local do evento: o Museu Inimá de Paula. Não tem capacidade adequada para receber uma escritora como ela, de tamanha importância na atualidade. Há quase um mês o mesmo evento foi organizado para receber o querido Rubem Alves. O local? Nada menos que o Palácio das Artes. Os organizadores se desculparam dizendo que não imaginavam uma receptividade tão grande para a Martha. Helloou! Estamos falando de Martha Medeiros! Dona de uma inquestionável legião de fãs. Escritora símbolo da nova geração de mulheres.
Recuso-me a acreditar que a mulher ainda tem um peso menor até nestes momentos. Porque não o Palácio das Artes para a Martha Medeiros?
Lembrei-me do projeto de pesquisa que deixei por fazer para ir ao lançamento. Tema: “A importância que se observa que o site da Revista Época dá ao público feminino como leitor diário de notícias gerais”. Sim, o site está atento a esta multidão de mulheres  representadas nos textos da Martha e nos milhares de blogs na web.
Pois volto eu, sem frases excepcionais, sem fotos, sem livro, sem autógrafo, mas manca e com um pedaço de salto no bolso. Completamente “Fora de mim”.

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Foto do sapato gentilmente usada e pior, adulterada, sem autorização do meu querido Luiz Paulo. São 3 da manhã e não vou conseguir sua resposta agora. Sei que será positiva. Portanto, obrigadinha! http://www.facebook.com/LPzinho


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Trailer do inesquecível Divã, baseado no livro de Martha Medeiros.