Na semana do Dia Internacional da Mulher, conto para vocês a história desta mulher chamada Lola.
Lola nasceu em 1925 na zona da mata mineira. Não bastasse a pobreza em que a família vivia, aos cinco anos já era órfã de pai. A mãe se vendo sozinha com 14 filhos, não teve outra opção senão repartí-los com os parentes. Aos sete anos, com a ajuda de uma irmã, Lola conseguiu voltar para sua casa, pois, não agüentava mais a tristeza da separação.
Mesmo com toda inteligência, pode estudar somente duas cartilhas. A mãe não tinha como comprar uma caneta e um caderno. E aos oito anos os estudos foram interrompidos. Lola precisava ajudar nos serviços de casa.
Era muito feliz ajudando e cantando no coral da igreja. Usava uma fita verde no pescoço como aspirante da Irmandade da Pia União dos Filhos de Maria. Chorou quando teve que devolvê-la. Foi no dia do seu casamento.
Lola se casou aos dezesseis anos. Seu marido com vinte e três já era viúvo e trazia junto sua filha de apenas três anos. O Padre Benevenuto disse: - É uma pena! Lola nem acabou de crescer! - A cerimônia foi simples e a moradia do casal mais simples ainda.
Lola ficou muito decepcionada com a vida de casada. Achava tudo sem graça, tudo esquisito. Casamento era assim? Mas fazer o que? Reclamar com a mãe? Nem pensar. O jeito era rezar e rezar. Lola cumpria seu papel de esposa e não se revoltava com nada que a vida lhe impunha.
Os anos passaram e Lola foi com marido para a capital. Afinal muitos filhos já estavam lá. O essencial não mais era escasso, mas nem por isto a vida tão melhor. Conviveu com a infidelidade em muitos dos 63 anos que esteve casada. Aceitava calada e confortava-se em suas orações. Muito controverso era o fato do seu marido ter uma personalidade extremamente racista... E Lola ser negra.
Hoje ela está com 86 anos e há quase sete é viúva. Com mais de 30 netos e vários bisnetos ainda sofre com alguns filhos que dão mais trabalho de adulto do que de criança: “Marvada pinga.”
Lola continua alegre e com uma voz de menina sem igual. Dona de uma personalidade tão forte e ao mesmo tempo tão leve até arranjou um pretendente a namorado, mas os filhos não aprovaram de jeito nenhum. E ela, então, "deixou para lá". Todos os dias, assim que o sol nasce anda bons quilômetros. Recolhe todas as garrafas pets que encontra pelo caminho. Vende e doa tudo para a Igreja.
Agora sem marido, pode curtir sua vaidade. Gosta de esmalte da moda, daqueles bem diferentes, verde e tudo mais. Acreditam que há menos de um mês Lola fez escova progressiva? Usa sempre vestidos coloridos, colares e qualquer outro adereço que lhe encante. Nunca está sem a sua tornozeleira de ouro, acessório marcante nos pés de muitas de suas netas. Vai às festas e não perde uma roda de viola na família. Canta, dança e reclama que os homens “estão muito devagar”.
Toca órgão, faz versos em prosa e já escreveu até as suas memórias, onde fala de Amélia, sua professora que lhe ajudou a descobrir as palavras na “Cartilha da Infância”, “História da Terra Mineira” e no “Livro do Periquito”. Conta como achou linda a decoração com papel de seda trançado em seu humilde quarto no dia do seu casamento. E como se emocionou com a homenagem feita pelo coral com a música “Helena Helena” ritmada pelo som de algumas colheres por toda a noite de festa. Ah... e de como foi bom quando os filhos aprenderam a tocar violão. Era tanta alegria que ela nem viu o tempo passar...
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Frases que encontrei em “Memórias de Lola”
“A mulher é a obra prima do Universo.”
“A alegria é um sinal de uma personalidade generosa.”
“A paz depende de você. Está em suas mãos. Ao alcance de todos.”
Cláudiiaaaa! Estou com os olhos marejados, acredita??? Que lindo este texto que você escreveu! Adoreeeii!!
ResponderExcluirBjs!! =****
LIndo, uma lição de vida!
ResponderExcluirMostra a grandeza e a força das mulheres, que mesmo em meio às dificuldades não perdem a esperança, a alegria de viver.
E que em cada uma de nós, exista uma Lola tão cheia de vida e perseverante como essa...
ResponderExcluirTexto de muito bom gostoooo...
A vó vai adorar qdo souberr!!!!
Bjoss =***
P.S.: Adorei esses 3 beijinhos virtual q a Diana escreve kkkk
Que bom que vocês gostaram.
ResponderExcluirO amor à vida vem de dentro e não deve se perder mesmo quando o ar aqui fora está rarefeito.
Beijos e obrigada.